"Viajar! Perder países!"
Viajar! Perder países!
Ser outro constantemente,
Por a alma não ter raízes
De viver de ver somente!
Não pertencer nem a mim!
Ir em frente, ir a seguir
A ausência de ter um fim,
E a ânsia de o conseguir!
Viajar assim é viagem.
Mas faço-o sem ter de meu
Mais que o sonho da
passagem.
O resto é só terra e céu.
Reflexão:
A noção de viagem presente no primeiro verso está
associada à ideia de procura para o sujeito poético viajar não implica ganhar
países, ganhar lugares na rota da sua vida; significa, antes, procura de si
mesmo, encontro consigo mesmo.
No entanto, o poema parte de uma ideia paradoxal de
viagem, falando-se aqui de uma viagem permanente, de partidas constantes, na
qual cada rosto de si mesmo encontrado é um lugar imediatamente perdido. Ou
seja, trata-se de uma viagem permanente procura e descoberta do ser que é sempre
outro e não tem amarras a ninguém, nem a si mesmo.
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