Espaço
Físico
Exteriores
A
maior parte da narrativa passasse em Portugal, mais concretamente em Lisboa e
arredores. Em Santa Olávia passasse a infância de Carlos. É também para lá que
este foge quando descobre a sua relação incestuosa com a irmã. Em Coimbra
passam-se os estudos de Carlos e as suas primeiras aventuras amorosas.
É em
Lisboa que se dão os acontecimentos que levam Afonso da Maia ao exílio; é em
Lisboa que sucedem os acontecimentos essenciais da vida de Pedro da Maia; e é
também lá que decorre a vida de Carlos que justifica o romance - a sua relação
incestuosa com a irmã.O estrangeiro surge-nos como um recurso para resolver
problemas. Afonso exila-se em Inglaterra para fugir à intolerância Miguelista;
Pedro e Maria vivem em Itália e em Paris devido à recusa deste casamento pelo
pai de Pedro. Maria Eduarda segue para Paris quando descobre a sua relação
incestuosa com Carlos. O próprio resolve a sua vida falhada com a fixação
definitiva em Paris.Deve referir-se como importante espaço exterior Sintra,
palco de vários encontros, quer relativos à crónica de costumes, quer à relação
amorosa dos protagonistas.
Interiores
Vários são os espaços interiores referidos n' Os Maias, portanto, destacamos os mais importantes. No Ramalhete podemos encontrar: o salão de convívio e de lazer, o escritório de Afonso, que tem o aspecto de uma "severa câmara de prelado", o quarto de Carlos, "como um ar de quarto de bailarina", e os jardins A acção desenrola-se também na vila Balzac, que reflecte a sensualidade de João da Ega. É referido também na obra, o luxuoso consultório de Carlos que revela o seu diletantismo e a predisposição para a sensualidade.A Toca é também um espaço interior carregado de simbolismo, que revela amores ilícitos. São ainda referidos outros espaços interiores de menor importância como o apartamento de Maria Eduarda, o Teatro da Trindade, a casa dos Condes de Gouvarinho, o Grémio, o Hotel Central os hotéis de Sintra, a redacção d' A Tarde e d' A Corneta do Diabo, etc.
O
espaço social comporta os ambientes (jantares, chás, soirés, bailes,
espectáculos), onde actuam as personagens que o narrador julgou melhor
representarem a sociedade por ele criticada - as classes dirigentes, a alta
aristocracia e a burguesia. Destacamos o jantar do
Hotel Central, os jantares em casa dos Gouvarinho, Santa Olávia, a Toca, as
corridas do Hipódromo, as reuniões na redacção d' A Tarde, o Sarau
Literário no Teatro da Trindade - ambientes fechados de preferência, por razões
de elitismo. O espaço social cumpre um papel puramente crítico.
O
espaço psicológico é constituído pela consciência das personagens e
manifesta-se em momentos de maior densidade dramática. É sobretudo Carlos, que
desvenda os labirintos da sua consciência. Ocupando também Ega, um lugar de
relevo. Destacamos,
como espaço psicológico, o sonho de Carlos no qual evoca a figura de Maria
Eduarda; nova evocação dela em Sintra; reflexões de Carlos sobre o parentesco
que o liga a Maria Eduarda; visão do Ramalhete e do avô, após o incesto;
contemplação de Afonso morto, no jardim. Quanto a Ega, reflexões e inquietações
após a descoberta da identidade de Maria Eduarda. O espaço psicológico permite
definir estas personagens como personagens modeladas.
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