quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Gomes Freire de Andrade

    Embora nunca apareça em cena, Gomes Freire de Andrade - amado pelo povo e odiado pelos governadores - é a personagem central e constitui o elemento estruturador da acção:
   - origina a sequência de episódios da peça
    - é o símbolo da luta pela Liberdade e pela Justiça;
    - atrai a admiração e a esperança do povo miserável e oprimido;
    - atrai, por oposição, a desconfiança e o ódio dos governadores
    - a sua prisão, condenação e execução constituem o centro das conversas e condicionam o comportamento das restantes personagens.
     Apesar de estar fisicamente ausente (de facto, nunca surge em cena / palco), domina os pensamentos e as preocupações das restantes personagens, daí que o seu retrato seja traçado a partir do que elas nos dão a conhecer sobre ele.

O general Gomes Freire de Andrade é apresentado como:
   - um homem culto, educado e letrado (um estrangeirado");
   - o símbolo da luta pela liberdade e pela defesa dos ideais contrários à prática dos "reis do Rossio";
   - o símbolo da modernidade e do progresso, adepto das novas ideias liberais, por isso considerado pelos governantes subversivo e perigoso, daí que preencha todos os requisitos para ser o bode expiatório do ambiente de revolta;
   - símbolo da integridade e da recusa da subserviência, da capacidade de liderança e de coragem na defesa dos ideais em que crê
   - culpado (pelos detentores do poder) porque "... é lúcido, é inteligente, é idolatrado pelo povo, é um soldado brilhante, é grão-mestre da Maçonaria e é, senhores, um estrangeirado..." (p. 71);
   - um homem cuja morte remete para a manutenção de uma ideologia fossilizada, num país estagnado e assolado pelo medo, pela denúncia e pela suspeição (p. 63);


Um homem cuja morte é duplamente aviltante enquanto militar, pois é enforcado e depois queimado, quando a sentença adequada para ele na qualidade de elemento do exército seria o fuzilamento; por outro lado, a morte pretende ser uma lição para todos aqueles que ousarem afrontar o poder político.

Fonte: http://portugues-fcr.blogspot.pt/2011_03_04_archive.html

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