quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Simbologia

Símbolos

Que a Mensagem se situa no plano dos símbolos, parece não haver dúvidas se atentar­mos na epígrafe à obra de inspiração esotérica: Benedictus Dominus Deus noster qui dedit nobis signum («Bendito Deus Nosso Senhor que nos deu o Sinal»). Certa é, pois, a importância que Pessoa consagra aos símbolos (esotéricos ou não), desde logo atestada no título de uma das divi­sões da Terceira Parte da obra. Cinco são os poemas que aí receberam o nome genérico de «Os Símbolos». Cinco é o número do despertar da consciência adorme­cida e da reinvenção do dia claro, tópicos que inspiram largamente o conteúdo do segundo dos símbolos – o Quinto Império:

Note que a ligação de D. Sebastião, o pri­meiro dos símbolos, ao Quinto Império se faz através do sonho: «É o que me sonhei que eterno dura,/ É Esse que regressarei.». É ainda pela virtude do sonho que este D. Sebastião sacralizado, alma do futuro de Portu­gal e profeta que a si próprio se anuncia, se faz Desejado, no terceiro dos símbolos. O sonho torna-se esperança e refugia-se nas ilhas afortunadas, símbolo da felicidade adiada, onde «o Rei mora esperando» e donde regressará como o Encoberto, o quinto dos símbolos.

Mas Cinco é, igualmente, o despertar do centro, dos quatro elementos que compõem o universo:

D. Sebastião – a água (ou a alma);

Quinto Império – o fogo (ou o espírito);

O Desejado – o ar (a mente, a revelação);

As ilhas Afortunadas – a terra (a materialidade, a protecção).

O quinto dos símbolos – o Encoberto ­representa a harmonia, a perfeição com que esses elementos se conjugam no universo sonhado.

Símbolos são, ainda, todos os heróis que a obra celebra, transfigurados em almas do Portugal futuro que enigmaticamente pre­nunciam.

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