Que a Mensagem se situa no plano dos símbolos, parece não haver dúvidas se atentarmos na epígrafe à obra de inspiração esotérica: Benedictus Dominus Deus noster qui dedit nobis signum («Bendito Deus Nosso Senhor que nos deu o Sinal»). Certa é, pois, a importância que Pessoa consagra aos símbolos (esotéricos ou não), desde logo atestada no título de uma das divisões da Terceira Parte da obra. Cinco são os poemas que aí receberam o nome genérico de «Os Símbolos». Cinco é o número do despertar da consciência adormecida e da reinvenção do dia claro, tópicos que inspiram largamente o conteúdo do segundo dos símbolos – o Quinto Império:
Note que a ligação de D. Sebastião, o primeiro dos símbolos, ao Quinto Império se faz através do sonho: «É o que me sonhei que eterno dura,/ É Esse que regressarei.». É ainda pela virtude do sonho que este D. Sebastião sacralizado, alma do futuro de Portugal e profeta que a si próprio se anuncia, se faz Desejado, no terceiro dos símbolos. O sonho torna-se esperança e refugia-se nas ilhas afortunadas, símbolo da felicidade adiada, onde «o Rei mora esperando» e donde regressará como o Encoberto, o quinto dos símbolos.
Mas Cinco é, igualmente, o despertar do centro, dos quatro elementos que compõem o universo:
D. Sebastião – a água (ou a alma);
Quinto Império – o fogo (ou o espírito);
O Desejado – o ar (a mente, a revelação);
As ilhas Afortunadas – a terra (a materialidade, a protecção).
O quinto dos símbolos – o Encoberto representa a harmonia, a perfeição com que esses elementos se conjugam no universo sonhado.
Símbolos são, ainda, todos os heróis que a obra celebra, transfigurados em almas do Portugal futuro que enigmaticamente prenunciam.