Nem rei nem lei, nem paz nem guerra,
Define com perfil e ser
Define com perfil e ser
Este fulgor baço da terra
Que é Portugal a entristecer –
Brilho sem luz e sem arder,
Como o que o fogo - fátuo encerra.
Ninguém sabe que coisa quer,
Ninguém conhece que alma tem,
Nem o que é mal nem o que é bem.
(Que ânsia distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro...
É a hora!
Que é Portugal a entristecer –
Brilho sem luz e sem arder,
Como o que o fogo - fátuo encerra.
Ninguém sabe que coisa quer,
Ninguém conhece que alma tem,
Nem o que é mal nem o que é bem.
(Que ânsia distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro...
É a hora!
O
poema aponta claramente para um clima de degradação da pátria, de melancolia e
tristeza, enfatizado pelo recurso a palavras e expressões que revelam
negatividade ("Nem rei nem lei"; "Brilho sem luz",
etc.), em suma, um ambiente de crise a vários níveis: político ("Nem rei
nem lei, nem paz nem guerra"); moral ("Ninguém sabe que coisa
quer, / (...) nem o que é mal, nem o que é bem"); de identidade ("ninguém
conhece que alma tem"). A situação de Portugal era, portanto, de
incerteza e indefinição. Ontem, tal como hoje: "Ó Portugal, hoje
és nevoeiro...".
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