A grande polémica literária do séc. XIX foi, sem dúvida, a chamada “Questão Coimbrã”. No despoletar da polémica, surgem dois nomes ideológica e literariamente opostos: Antero de Quental e António Feliciano de Castilho.
Tudo começou em 1865, quando o grande símbolo do Ultra-Romantismo português, António Feliciano de Castilho faz uma referência pouco elogiosa à nova literatura portuguesa (representada, entre outros, por Antero de Quental), no posfácio a um livro de Pinheiro Chagas.
Antero de Quental responde à provocação numa famosa carta aberta – “Bom Senso e Bom Gosto” – onde utiliza um sarcasmo violento, que acaba por desencadear a escalada de folhetins e artigos que se iriam trocar entre as duas facções. Na altura, saíram para a rua mais de meia centena de peças literárias a debater a questão.
A batalha literária chegou mesmo a “vias de facto”, com Antero de Quental e Ramalho Ortigão (defensor de Castilho) a chegar mesmo a bater-se em duelo, por uma referência ofensiva feita pelo primeiro à cegueira de Castilho.
A polémica envolveu outras figuras marcantes, como Camilo Castelo Branco, Teófilo Braga, Pinheiro Chagas, Luciano Cordeiro, Brito Aranha e Teixeira de Vasconcelos, para além dos já referidos, e marcou o grande movimento de regeneração da cultura e da literatura portuguesas, abrindo portas, nomeadamente, às Conferências do Casino e ao realismo literário.
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