Na
Memória ao Conservatório Real, Almeida Garrett compara "a desesperada
resignação de Prometeu" e os remorsos de Édipo nas tragédias da
antiguidade clássica e conclui que não são superiores aos "tormentos de
coração e de espírito" que aqui padece Manuel de Sousa Coutinho, "o
amante delicado, o pai estremecido, o cristão sincero e temente do seu
Deus". Compara ainda os terrores de Jocasta (que "fazem arrepiar as
carnes, mas são mais asquerosos do que sublimes") com a dor, a vergonha,
os sustos de D. Madalena de Vilhena que "revolvem mais profundamente no
coração todas as piedades".
Afirma
que o conteúdo do Frei Luís de Sousa tem todas as características de uma
tragédia. No entanto, chama-lhe drama, por não obedecer à estrutura formal da
tragédia. Refere a peça Comédia Famosa a que assistira, na Póvoa de Varzim,
sobre o mesmo tema, representada por atores castelhanos.
Nesta
Memória ao Conservatório, Almeida Garrett apresenta o seu drama romântico Frei
Luís de Sousa como derradeiro "trabalho dramático". Este texto
constituiria, assim, o balanço da sua intervenção na renovação do teatro em
Portugal e uma reflexão sobre a herança clássica e as influências românticas.
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